Pedro Catraca, a figura folclórica do Bairro do Macacal
Pedro iniciou cedo no futebol, apesar de ser muito magro e seu pai ter receio dele jogar no meio de jogadores mais bem afeiçoados fisicamente. Jogador de drible fácil, raciocínio rápido e um potente chute, Catraca era o terror dos zagueiros e dos goleiros. Suas pernas são tão finas que ele tinha dificuldade até para vestir o meião, sendo necessário uma ruma de rolo de ataduras para segurar à meia. No seu auge do futebol ele fazia dupla com o seu irmão, Joaci, que hoje reside na cidade de Buriti dos Lopes.
Pedro Catraca, assim como muitos outros jogadores de futebol daquela época, usou o seu dom para conseguir muitos empregos, mas o que ele mais tem saudade é do tempo que era cobrador da extinta empresa Marimbá, pois foi o emprego que lhe proporcionou a oportunidade de comprar seu primeiro veiculo, um fusca azul marinho.
A cidade de Buriti dos Lopes tem muita importância na vida de Pedro Catraca (mais adiante falaremos de um dos causos mais famosos que ele não cansa de contar), sendo o local de nascimento de seu primeiro filho, Kelson.
A essa altura, Pedro, conseguia conciliar seu emprego com alguns bicos que fazia jogando por várias seleções de futebol de cidades circunvizinhas. Catraca era tão solicitado que houve uma época que a Policia Militar lhe deu voz de prisão, por se negar a jogar pela seleção de sua cidade, já que ele tinha contrato com outra agremiação.
Sua carreira sempre vitoriosa o permitiu conquistar muitas alegrias, onde uma das mais importantes foi o nascimento de seus filhos: Mariner e Michel, frutos de seu primeiro casamento. Muitos anos depois veio seu xodó dos dias atuais, o Pedrinho, mais conhecido como “Pancadinha”.
Catraca era um jogador indispensável à equipe do Santa Cruz, time do Bairro de Fátima e onde ele mais se identificou. Por muitas vezes chegava para jogar carregado pelos braços dos amigos, em total estado de embriagues, e mesmo assim conseguia definir alguns jogos importantes, marcando gols ou fazendo belas assistências.
Vencedor de vários campeonatos suburbanos, Catraca, foi campeão amador e de inúmeros torneios das indústrias, tanto no futebol de campo como no futebol de salão.
No futebol profissional defendeu por quatro meses o Parnahyba Sport Club e já próximo de se aposentar dos gramados realizou ainda mais uma de suas proezas, ao conquistar o Torneio Intermunicipal entre seleções do Estado do Piauí, e sagra-se campeão, no ano de 1992, atuando como treinador e jogador, inclusive marcando gols decisivos.
Pedro Catraca hoje se divide na sua profissão de policial civil e em outras duas paixões, o pagode e a pescaria.
Como pagodeiro criou o “Pagode do Catraca”, um grupo de pagode que fez muito sucesso na noite parnaibana há alguns anos, tendo sido reconhecido por uma grande emissora de São Paulo que fez de tudo para fazer uma reportagem sobre a banda, pois à época era o grupo musical que mais se apresentava em toda região. Catraca brinca que a banda tocava mais do que Wesley Safadão.
As histórias e "marmotagens" que Pedro Catraca sabe renderia, com certeza, um livro, pois são muitas e variadas. Mas, entre uma bebida e outra ele conta com prazer quando estar com seus amigos no point do Pagode do Catraca, o Frango no Ponto, na Avenida Nossa Senhora de Fátima.
Causo
Quando tinha 18 anos, Pedro foi convidado a jogar por um time da cidade de Buriti dos Lopes. Pediu autorização ao seu pai, Raimundo Rasga, pegou sua mochilinha com seus apetrechos de futebol e embarcou para a cidade vizinha, sem saber que muitos torcedores do time em que ele jogaria estariam esperando o grande jogador de Parnaíba, mesmo sem conhecê-lo.
Chegando ao Buriti, Pedro se sentou no meio fio da calçada da Praça Central da cidade à espera da pessoa que o contratou. Os torcedores ficaram apreensivos quando o ônibus seguiu viagem e o tal do craque parnaibano não estava nele. Alguns torcedores já estavam indo embora quando chega o dirigente, montado na sua bicicleta Barra Circular, a limusine das bicicletas nos anos 80. Todos os torcedores foram saber por que o jogador de Parnaíba não tinha chegado ainda, horas antes da partida. O dirigente apontou para o Pedro Catraca e pediu pra ele subir na garupa da bicicleta que ele iria lhe levar para o estádio. Os torcedores ficaram incrédulos com aquela cena. “Não é possível que esse mosquito seja o tal do grande jogador de Parnaíba”, disse um deles.
Já no estádio Pedro Catraca não escapou dos xingamentos, já que naquele momento toda a torcida já sabia do ocorrido. Um mais exaltado chamou Pedro de macaco prego, um xingamento que atualmente além de ofensa é crime.
O time que Pedro Catraca jogou ganhou a partida de goleada, com quatro gols dele. Quando o árbitro apitou o encerramento da partida, os torcedores esqueceram os xingamentos, colocaram ele nas costas e deram uma volta olímpica. Coisas do futebol.
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