Jornaleiro tem Covid, fica 100 dias intubado, sobrevive e agora deve R$ 2,6 milhões a hospital particular de SP
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Carlos Massatoshi Higa, 72, ficou 191 dias internado, sendo 100 deles intubado por causa da Covid-19 e de outras complicações derivadas da doença. Ao ter alta do Hospital São Camilo, na Zona Norte da capital paulista, na segunda-feira (4), teve outro susto. Ficou uma dívida de R$ 2,6 milhões no hospital para pagar.
Juliana Suyama Higa, 37, filha do seu Carlos, que é professora da rede municipal e doutora em microbiologia, diz que a família não sabe como vai pagar.
“Eu sei que estou devendo, estou preocupada, posso dizer inclusive desesperada. Confesso que ainda não sei como vou pagar. O importante é que ele está aqui. Eu realmente achei que ele não ia ficar com a gente. Eu vi meu pai entrando em coma. Os médicos desenganaram e não foi só uma e nem duas vezes. Foi uma luta surreal. Não tem como descrever”, pontuou.
Além da dívida com o tratamento, seu Carlos ainda vai precisar de uma série de cuidados por conta das sequelas. Ele vai precisar, por exemplo, de uma fonoaudióloga para recuperar a fala, que ficou comprometida por conta de tanto tempo com traqueostomia.
“A gente não está se recusando a pagar, se tivéssemos [o dinheiro], teríamos pagado, mas esse valor é surreal para qualquer família de classe média. Sou professora, meu pai era dono de banca de jornal. Não temos condições”, disse.
Em março deste ano, a família tentou uma vaga pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não havia na época.
“Meu pai foi internado no dia 27 de março. Foi bem naquela época em que teve um boom de internações por causa da variante de Manaus e faltou vaga em hospital público. Faltava até medicamento para intubação. No desespero, fomos direto para o particular, mas eu sabia que não tinha vaga no Hospital Geral Vila Penteado”, afirma.
“A gente entende que nas circunstâncias não tinha vaga, era público e notório que não havia vagas. Meu pai está vivo porque é forte, mas também porque teve o socorro necessário no hospital. Ele teve médico que acompanhou, ventilador, medicamentos”, conclui.
“Meus pais juntaram dinheiro a vida inteira, deixaram de pagar o convênio médico, mas juntaram o dinheiro que pagariam por ele. O que a gente não achou é que fosse durar todo esse tempo a internação”, conta.
Para tentar arrecadar o dinheiro para pagar a dívida, Juliana organizou uma vaquinha que já arrecadou cerca de R$ 50 mil.
“Estamos usando esse dinheiro para custear a última internação e para pagar vários custos de pós-internação. Não temos mais condições. Mas é uma vida e vida não tem preço”, afirma.
Seu Carlos passou mal quando trabalhava em sua banca de jornal na Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte da capital. Há 21 anos no local, ele é querido pela comunidade, tanto que foi socorrido pelos vendedores ambulantes que trabalhavam por perto, segundo Juliana.
“Recebemos doações de pessoas que nem conheço, mas que me escreveram contando que o conheciam da banca”, afirma ela.
EUA sem SUS
Este tipo de história é muito comum nos EUA, onde não há um Sistema Único de Saúde como aqui no Brasil. São inúmeros os casos de americanos que se recuperaram ou não da Covid-19 e receberam contas hospitalares enormes.
Em junho do ano passado, Michael Flor, 70, recebeu uma conta de US$ 1,1 milhão (ou R$ 5,5 milhões) do hospital onde se tratou de Covid-19, Seattle, nos Estados Unidos, de acordo com o jornal “The Seattle Times”.
O salvadorenho Germán Amaya, funcionário do luxuoso hotel Fontainebleau de Miami, faleceu em decorrência da covid em agosto de 2020. Sua família recebeu uma conta hospitalar de R$ 411 mil.
Por G1
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