Brincadeira de Pião!
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É das mais antigas do mundo, dizem alguns (...).
Não sei, não posso confirmar. Posso apenas afirmar que as rodadas eram disputadas a ferro e fogo.
- Agora é a bicanca, gritava entusiasmado um colega enquanto o dono do pião ficava alarmado com a ideia de perder seu brinquedo.
O período era festejado. Terra molhada e dura era a deixa pra correr para os pais e pedir uns trocados. Dinheiro na mão, a corrida era rápida para o torno do senhor Bastô. Não havia tempo a perder (...); pião pronto era hora de voltar pra casa, orgulhoso do sonho de consumo conquistado.
Para Câmara Cascudo, pião é um “brinquedo de madeira piriforme, com ponta de ferro, onde gira pelo impulso do cordão enrolado na outra extremidade puxado com violência e destreza”. Para os culumins era apenas uma brincadeira de criança desafiadora de coragem e habilidade, pois ninguém queria perder o seu pião; Isso nunca.
Um belo dia um culumin de outra rua chegou com uma novidade. Ele aprendera a fazer o pião rodar na mão. Todos nós ficamos boquiabertos. João, um colega mais adiantado nos estudos, disse: “ele é um gênio”, e todos, sem exceção, passamos horas, dias, alguns semanas, mas não paramos enquanto não conseguimos fazer tal façanha. Quem não queria ser gênio?
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Mas toda brincadeira de criança tem seus momentos tristes, em alguns momentos, vergonhosos. O culumin que não conseguia boas notas geralmente vivia recluso, dentro de casa. O máximo de liberdade era olha pela janela e ver seus colegas jogando pião. Isso era um tormento, ainda mais quando algum colega traquino gritava em alto e bom tom. “Ei, tu nunca vai aprender a jogar pião, nunca será um gênio”. Isso, pra alguns, era um tormento que geralmente terminava em briga, a base de sabacus.
Por Walter Fontenele
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