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Cultura: A História do Cangaço

Foto de Reprodução

O termo cangaço deriva da palavra canga, objeto usado no trato com os bois na roça. A canga era uma madeira que passava no pescoço do boi e lhe prende ao arreio. Os cangaceiros viviam de forma errante e traziam consigo tudo que possuíam.

O cangaço manifestou-se na sociedade brasileira como uma forma de protesto diante das injustiças sociais observadas nas regiões mais retiradas do país. O nordeste perdeu seu prestigio nacional ainda durante a colônia quando a capital deslocou-se para o sudeste na cidade do Rio de Janeiro. Pouco ou nada mudou durante o Império o que gestou na população local nordestina uma grande insatisfação, principalmente diante do poderio dos grandes proprietários de terras que se apropriavam das melhores terras legando a população serem seus empregados ou manterem terras improdutivas.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, “o banditismo é uma forma bastante primitiva de protesto social organizado”. O movimento do cangaço sertanejo deve ser lido como manifestação de um banditismo nacional diante das injustiças sociais vividas pela população pobre nordestina.

O primeiro cangaceiro reconhecido como tal foi José Gomes, vulgo Cabeleira, tendo aterrorizado a região do Recife nos anos finais do século XVIII. O movimento só toma corpo, porém a partir do fim do século XIX, quando em grande crise na região do nordeste a população se torna arredia aos líderes, crescem as figuras chamadas de “cangaceiros”.O primeiro grupo de cangaceiros aparece com Jesuíno Alves de Melo Calado, vulgo Jesuíno Brilhante, também do fim do século XVIII.

Foto de Reprodução

A situação fundiária propiciava disputas sociais intensas e isso se manifestava através dos cangaceiros que se dividiam em ao menos três tipos:
O primeiro tipo eram os mercenários que trabalhavam para os latifundiários, proprietários de terras, mais interessados em combater fortemente os cangaceiros “bandidos”. Os primeiros formavam uma espécie de milícia e não eram tão reprimidos quando os cangaceiros tradicionais, por estarem amparados por homens poderosos.

O segundo tipo também de forma mercenária tinham nos políticos seus patrões, o que também lhes garantia proteção mediante trabalho realizado. As disputas se resolviam entre milícias e na ponta da peixeira.O terceiro tipo foi aquele que ficou mais conhecido com a literatura, principalmente na figura de Virgulino Lampião. Eram os bandidos reprimidos e inimigos públicos. No entanto esses viviam a sua própria sorte, visto que não tinham o apoio de “padrinhos” poderosos que lhes aparassem nas dificuldades. Tudo que possuíam carregavam consigo pelas estradas do sertão e retiravam da natureza tudo que precisavam.

Cabeças cortadas. Foto de Reprodução

O cangaço dura até a década de 1930, só termina após uma ampla campanha instituída por Getúlio Vargas. Até aquele momento o cangaço era mantido pelos próprios latifundiários, pois esses se beneficiavam dos movimentos e grupos que preferiam associação e proteção e para isso lhes faziam serviços como a cobrança de impostos, ou ações violentas para garantia de voto. Com Vargas os cangaceiros passam a ser considerados como desordem à paz nacional e por isso inimigos públicos declarados.

Por HistóriadoBrasil.com.br

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